Associação Dança Criciúma e a Setorial
Dança Criciúma vem tornar público nosso apoio e solidariedade do Grupo
Artístico e Cultural Afro-Brasileiro Et. Op pelo ocorrido na 31º Festas das
Etnias. Destacamos ainda que os 02 (dois) palcos do evento tiveram as seguintes
características: (01) tamanho insuficiente para danças populares; (02) fundo de
palco irregular, prejudicando registros fotográficos; (03) chão do palco com
carpe e fixado com grampos; (04) palco sem coxias e iluminação insuficiente
para dança; e (05) problemas com sonorização e na programação cultural.
Considerando a falta de organização
da Festa das Etnias que causou desconforto ao Grupo Artístico e Cultural
Afro-Brasileiro Et. Op registramos nosso apoio a Nota à Imprensa de Criciúma e Região publicada hoje (15/09/2019).
Segue abaixo Nota à Imprensa de Criciúma e Região
O Grupo Artístico e Cultural
Afro-Brasileiro Et. Op é um grupo composto por 3 núcleos: dança,
instrumentalização e coro afro-brasileiro e tem como integrantes crianças,
adultos e idosos negros e negras da cidade de Criciúma-SC. Fundado em 2018
realizou espetáculos gratuitos em escolas públicas, espaços públicos e na 30ª
Festa das Etnias. Além disso no ano de 2018 o Grupo recebeu Menção honrosa na
categoria sênior com a coreografia “Entre o Meu, o Teu e o Nosso, Coisa de
Negro” na 19ª Edição do Festival de Dança da UNESC.
Em 2019 o Grupo Artístico e Cultural
Afro-Brasileiro Et. Op realizou um estudo e uma pesquisa profunda sobre a
invisibilidade do negro na História. O grupo construiu figurino, letra da
música, coreografia, percussão para o espetáculo intitulado “Presença e
invisibilidade do negro no Sul Catarinense”. Os ensaios aconteceram
semanalmente na sede da Sociedade Recreativa União Operária e o figurino foi
financiado pela Etnia Negra, o corpo de dança, a coreógrafa, os músicos e as
cantoras são voluntários.
Nossa primeira apresentação em 2019
estava agendada para 13 de setembro de 2019 durante a 31ª Festa das Etnias,
para as 22h20 conforme a programação oficial do evento. As duas primeiras
situações constrangedoras que o Grupo sofreu já constam na programação quando o
nome do Grupo foi escrito de forma errada (Etiópia), sem possibilidade de
correção, e quando o Grupo foi comunicado que a apresentação seria as 21hs e na
programação oficial constava 22h20. Este ano o evento foi organizado pela
empresa Duda Produções, mas com financiamento de dinheiro público portanto
tendo a Fundação Cultural de Criciúma como co-responsável.
No dia da apresentação o Grupo se
reuniu na Sociedade Recreativa União Operárias as 18hs para um último ensaio e
organização de figurino e maquiagem. As 21hs fez seu deslocamento do Clube até
a sede do Pavilhão Ijair Conti, local da 31ª Festa das Etnias. O grupo
permaneceu no camarim da Etnia Negra e às 22h20 percebeu que sofreria com algum
atraso das atividades do palco. Permanecemos nos fundos do palco, quando por
volta da meia noite o apresentador da Festa, comunicou que colocariam outro
show antes da apresentação do Grupo, e assim o Grupo se apresentaria por volta
das 2 horas da manhã, ou poderia reagendar a apresentação para o dia seguinte.
Após forte discussão nos bastidores,
o Grupo foi contra a decisão unilateral e subiu ao palco à meia noite e meia
como forma de protesto, os integrantes do Grupo já estavam revoltados com a
situação e decidiram explicar ao público presente o que havia acontecido. Pois
depois de 2 horas de atraso, após o encerramento da apresentação do grupo
folclórico chileno, houve grande esvaziamento de público. Após a fala de
protesto, o Grupo iniciou a organização do som para que a percussão pudesse
iniciar o espetáculo. Houve demora substancial e quando o Grupo novamente se
posicionou publicamente diante da inoperância da mesa de áudio, os microfones
foram cortados. E então o Grupo se retirou do palco cancelando a apresentação.
Percebemos que em todos os momentos o
apresentador falou de todos os grupos que apresentariam na seqüência. O Grupo
Et Op não foi citado com o objetivo de manifestar que ao término do grupo
chileno a festa não acabaria. Consideramos que colocar um grupo internacional
para apresentar antes de um grupo local é um desrespeito com a cultura da
cidade.
Após o cancelamento da apresentação
do Grupo o público que ainda estava presente se inflamou, e diante de todos os
fatos expostos consideramos que a abordagem à apresentação deste Grupo especificamente
foi racista.
No dia seguinte, a entidade
Anarquistas Contra o Racismo (ACR) e Entidade Negra Bastiana (ENEB) mobilizaram
algumas pessoas para que pudéssemos publicamente nos manifestar. Construímos
uma nota de repúdio que foi entregue as pessoas que estavam em frente ao palco
de apresentações e no intervalo das apresentações, por volta das 20h30, os
posicionamos em frente ao palco com camisetas de protestos e fizemos um coro
com as pessoas presentes: CHEGA DE RACISMO.
Diante do exposto, entidades no
movimento negro estão mobilizadas para que judicialmente possam ser tomadas
medidas cabíveis. Além disso mobilizamos entidades da cidade, do Estado e do
Brasil tornando público os acontecimentos e politizando esta situação. Visto
que historicamente a negritude de Criciúma tem sofrido com o racismo, na forma
de invisibilidade de sua presença, de sua cultura, de sua arte e de sua
contribuição para a formação socioeconômica da cidade de Criciúma.
Após as manifestações aguardamos do
poder público local manifestação sobre o acontecido.