terça-feira, 23 de maio de 2017

Artigo Flávia Pagani Vieira


FATORES INTERVENIENTES NAS PERFORMANCES DE IMPROVISO DE DANÇARINOS DE HIP HOP NA BATALHA DE DANÇA

 
Flávia Pagani Vieira – Bacharel em Educação Física pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, Santa Catarina – Brasil. Dezembro, 2015.


 INTRODUÇÃO

O fenômeno das batalhas de dança foi criado a partir da organização e do conflito social existente nos guetos nova iorquinos. Rapidamente os “rachas” passaram a acontecer nas festas de rua: um confronto entre dois lados, um jurado, um DJ e ao final, um vencedor.1 O ato de competir denota a ação de enfrentar desafios e demandas que podem interferir nas performances dos competidores, dependendo de suas qualidades físicas, técnicas e psicológicas.2

METODOLOGIA

Essa pesquisa caracterizou-se como um estudo qualitativo descritivo3. A população do estudo foi composta por dançarinos de Hip Hop Dance, (n=17) com faixa etária de 14 a 45 anos (04 mulheres e 13 homens), provenientes dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para coleta de dados foi utilizado um questionário formulado pelo pesquisador, abordando dados pessoais, histórico de títulos em campeonato de dança, informações sobre o treinamento em dança, fatores ambientais, psicológicos e técnicos do Hip Hop Dance que o indivíduo julga interferir em sua performance de improviso durante a batalha de dança; classificado esses fatores em 4 níveis (0 - Indiferente, 1 - Raramente Me Atrapalha, 2 - Me Atrapalha um Pouco, 3 - Me Atrapalha Muitíssimo).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os fatores que mais se mostraram intervenientes (médias de 1 a 1,5) para os dançarinos durante a batalha de dança foram o “tipo de chão”; a “torcida a favor do adversário”, “nervosismo”, “ansiedade”, “estresse/tensão”; “se você treinou pouco para a batalha” e “não conhecer a música que toca”. Os fatores citados foram classificados entre “raramente me atrapalha” (1) e “me atrapalha um pouco” (2). Os fatores que obtiveram médias um pouco inferiores (médias de 0,6 a 0,9) foram classificados entre “indiferente” (0) e “raramente me atrapalha” (1): o fator “temperatura do local”; “falta de concentração” e “falta de confiança em si próprio”; “provocação do adversário” e a figura do “jurado” durante a batalha. Os fatores que resultaram nas médias mais baixas (0,2 a 0,5) foram os fatores “torcida a seu favor”, “conhecer o adversário”, “não conhecer o adversário”, “conhecer a música que toca”, a figura do “MC” durante a batalha e “se a batalha for em dupla/crew”.

Para tratar do fator motivacional e competitivo dos dançarinos de Hip Hop Dance, foi questionado se ao perderem um campeonato de dança logo na primeira batalha, ou na primeira fase competitiva, isso os desmotivaria a participar de outra batalha futuramente. Das 17 respostas, apenas uma foi positiva e, apesar da justificativa primeiramente valorizar a dança como arte, na qual o sujeito ressaltou que participa da batalha por diversão; também alega que o ato de competir trás a vontade intrínseca de vencer. Desse modo, ao dançar por diversão e a gana de vencer vier à tona, perder o racha o desmotivaria a batalhar novamente. No caso das 16 respostas negativas, mesmo que sejam por razões de cunhos distintos, o fator motivacional não se mostrou interveniente para nenhum dos dançarinos.

CONCLUSÃO

Não se pode afirmar que quanto mais anos de prática em dança ou batalha, menos fatores o dançarino vai alegar interferir na sua performance. No entanto, os dançarinos com maior número de batalhas participadas e maior número de premiações nesse estudo mostraram-se mais indiferentes aos componentes competitivos e fatores intervenientes.

Esse estudo se mostrou uma pesquisa pioneira ao tratar de um tema popular na cultura Hip Hop, as batalhas de dança. Na falta de referências bibliográficas específicas, foi necessária a experiência da autora como dançarina e participante de batalhas para interpretar e discorrer fatos. Sugere-se que novos estudos sejam feitos para o enriquecimento do conhecimento científico sobre o Hip Hop Dance, bem como os outros estilos de danças urbanas; Popping, Locking, Waacking, Dancehall, Ragga Jam, House Dance, Breaking, Krumping, Vogue; e da cultura Hip Hop nas suas peculiaridades.

REFERÊNCIAS

1PRIMO, R. Danças Urbanas. In: INSTITUDO FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE (Joinville) (Org.). Seminários de dança: e por falar em... CORPO PERFORMÁTICO fazeres e dizeres na dança. Joinville: Nova Letra, 2012. p. 111-116.

2ROSE JUNIOR, D. A competição como fonte de estresse no esporte. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 4, p.19-26, out. 2002.

3MINAYO, M. C. S. et al (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 80.



Flávia Pagani Vieira



Graduada em Educação Física Bacharelado pela UNESC – Concluído em 2015. Minstra aula de Danças Urbanas e da modalidade “Divas Workout” na Escola de Dança Viviane Candiotto; Professora e Coreógrafa de Danças Urbanas - Infantil na E.E.B Joaquim Ramos - Programa Mais Educação e Dançarina de Danças Urbanas, desde 2005.  


Colaboração:
Maxwell Sandeer Flor - Presidente da Associação Dança Criciúma








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