FATORES INTERVENIENTES NAS PERFORMANCES DE IMPROVISO DE DANÇARINOS DE HIP HOP NA BATALHA DE DANÇA
Flávia Pagani Vieira – Bacharel em Educação Física pela Universidade
do Extremo Sul Catarinense – UNESC, Criciúma, Santa Catarina – Brasil. Dezembro,
2015.
INTRODUÇÃO
O fenômeno das batalhas de dança
foi criado a partir da organização e do conflito social existente nos guetos
nova iorquinos. Rapidamente os “rachas” passaram a acontecer nas festas de rua:
um confronto entre dois lados, um jurado, um DJ e ao final, um vencedor.1 O
ato de competir denota a ação de enfrentar desafios e demandas que podem interferir
nas performances dos competidores, dependendo de suas qualidades físicas,
técnicas e psicológicas.2
METODOLOGIA
Essa
pesquisa caracterizou-se como um estudo qualitativo descritivo3. A população
do estudo foi composta por dançarinos de Hip Hop Dance, (n=17) com faixa etária
de 14 a 45 anos (04 mulheres e 13 homens), provenientes dos estados de Santa
Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para coleta de dados foi utilizado um
questionário formulado pelo pesquisador, abordando dados pessoais, histórico de
títulos em campeonato de dança, informações sobre o treinamento em dança,
fatores ambientais, psicológicos e técnicos do Hip Hop Dance que o indivíduo julga
interferir em sua performance de improviso durante a batalha de dança;
classificado esses fatores em 4 níveis (0 - Indiferente, 1 - Raramente Me
Atrapalha, 2 - Me Atrapalha um Pouco, 3 - Me Atrapalha Muitíssimo).
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Os
fatores que mais se mostraram intervenientes (médias de 1 a 1,5) para os
dançarinos durante a batalha de dança foram o “tipo de chão”; a “torcida a
favor do adversário”, “nervosismo”, “ansiedade”, “estresse/tensão”; “se você
treinou pouco para a batalha” e “não conhecer a música que toca”. Os fatores
citados foram classificados entre “raramente me atrapalha” (1) e “me atrapalha
um pouco” (2). Os fatores que obtiveram médias um pouco inferiores (médias de
0,6 a 0,9) foram classificados entre “indiferente” (0) e “raramente me
atrapalha” (1): o fator “temperatura do local”; “falta de concentração” e
“falta de confiança em si próprio”; “provocação do adversário” e a figura do
“jurado” durante a batalha. Os fatores que resultaram nas médias mais baixas
(0,2 a 0,5) foram os fatores “torcida a seu favor”, “conhecer o adversário”,
“não conhecer o adversário”, “conhecer a música que toca”, a figura do “MC”
durante a batalha e “se a batalha for em dupla/crew”.
Para
tratar do fator motivacional e competitivo dos dançarinos de Hip Hop Dance, foi
questionado se ao perderem um campeonato de dança logo na primeira batalha, ou
na primeira fase competitiva, isso os desmotivaria a participar de outra
batalha futuramente. Das 17 respostas, apenas uma foi positiva e, apesar da
justificativa primeiramente valorizar a dança como arte, na qual o sujeito
ressaltou que participa da batalha por diversão; também alega que o ato de
competir trás a vontade intrínseca de vencer. Desse modo, ao dançar por
diversão e a gana de vencer vier à tona, perder o racha o desmotivaria a
batalhar novamente. No caso das 16 respostas negativas, mesmo que sejam por
razões de cunhos distintos, o fator motivacional não se mostrou interveniente
para nenhum dos dançarinos.
CONCLUSÃO
Não
se pode afirmar que quanto mais anos de prática em dança ou batalha, menos
fatores o dançarino vai alegar interferir na sua performance. No entanto, os
dançarinos com maior número de batalhas participadas e maior número de
premiações nesse estudo mostraram-se mais indiferentes aos componentes
competitivos e fatores intervenientes.
Esse
estudo se mostrou uma pesquisa pioneira ao tratar de um tema popular na cultura
Hip Hop, as batalhas de dança. Na falta de referências bibliográficas
específicas, foi necessária a experiência da autora como dançarina e
participante de batalhas para interpretar e discorrer fatos. Sugere-se que
novos estudos sejam feitos para o enriquecimento do conhecimento científico
sobre o Hip Hop Dance, bem como os outros estilos de danças urbanas; Popping, Locking, Waacking, Dancehall, Ragga Jam, House Dance, Breaking, Krumping, Vogue; e da
cultura Hip Hop nas suas peculiaridades.
REFERÊNCIAS
3MINAYO, M. C. S. et al (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade.. 15. ed. Petrópolis: Vozes,
2000. p. 80.
Flávia Pagani Vieira
Graduada em Educação Física Bacharelado pela UNESC – Concluído
em 2015. Minstra aula de Danças Urbanas e da modalidade “Divas Workout” na Escola
de Dança Viviane Candiotto; Professora e Coreógrafa de Danças Urbanas - Infantil na E.E.B Joaquim Ramos - Programa Mais Educação e Dançarina de Danças Urbanas, desde 2005.
Colaboração:
Maxwell Sandeer Flor - Presidente da Associação Dança Criciúma
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