terça-feira, 23 de março de 2021

Qual a Frase que Mudou sua Relação com a Dança?

 “De onde eu venho, se você chamar isso que você faz de Hip Hop, você corre o risco de ser esfaqueado” – Brian “Footwork” Green.

A minha frase veio de uma história que eu já contei várias vezes. Mas, que é tão potente e importante para mim que nunca me canso de contar. Aqui vai de novo: lá por volta de 2006 eu estava em Curitiba com a Tati Sanchis. Estávamos lá para trabalhar e para estudar. Era um evento de Fitness com um bloco dedicado à dança dentro das academias de ginástica. E muita gente boa da dança mundial estava lá para gerar experiências nesse setor dançante, incluindo este que vos escreve, minha digníssima companheira e um cara chamado Brian Green.

Foto: Dropbox Henrique Bianchini

Até hoje o considero um dos maiores dançarinos que a contemporaneidade pode apreciar. Um dos corpos mais inteligentes e carregados de ancestralidade que já presenciei. E, se hoje o tenho sob tão alta estima, naquela época, em que tudo ainda era muito novo para mim, era quase como se eu estivesse na presença de uma entidade cósmica. Um Deus da dança. Pois dei minha aula (coreográfica, é claro, pois até então eu sabia ainda menos do que sei hoje sobre o professor que queria ser) dentro do módulo de “dança para academia de ginástica” no evento de Fitness.

Uma coisa qualquer feita de danças sociais mal executadas em um corpo que só queria estar certo. E Brian Green entrou na sala. Enquanto eu fazia uns waves e vibrations involuntários ao perceber a presença dele, ele assistiu. Por cerca de 30 segundos. Trinta fucking segundos depois ele virou as costas e se retirou da sala. Acabou a aula. Eu saí da sala. Ele estava lá fora. Fui me apresentar. Pronto. Veio a frase. Eu decidi parar de dançar naquela mesma hora.

Para mim chega!  Se o que eu mais queria era estar certo, agora um ídolo não apenas me disse que eu estava errado, mas me disse em uma frase que continha a palavra “esfaqueado”. Estava ruim mesmo. Mas o que realmente aconteceu foi que depois de uma boa noite de sono e um pouco de lágrimas, eu acordei puto. E com a certeza do que queria fazer: Estudar esse “caraio” dessa dança até entender de verdade o que ela é. Pronto. Morreu um dançarino presunçoso. Nasceu um pesquisador cauteloso.

Obrigado, Brian Green.

Texto de Henrique Bianchini (22/03/2021).


Imagem: Facebook Henrique Bianchini





Um comentário:

  1. você é uma grande inspiração pra mim e é incrível ver como ninguém nasce uma entidade, mas se constrói para chegar um pouco mais perto do que se almeja!! obrigada, mestre

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